Em seu miolo de duas grandes faixas opostas estão desenhos de poses, posturas e modificações corporais que poderiam ser realizadas em meu próprio corpo (se eu de fato quisesse e investisse para isso). A sobreposição e o encadeamento dos desenhos sugerem ainda uma partitura de dança impossível.

Este é até então o único caderno da coleção que foge dos formatos convencionais.

Dessa forma, num primeiro momento este caderno pode parecer estranho. A leitura proposta foge do formato de um caderno ao qual estamos habituados e com o qual já sabemos como lidar. Talvez por isso o desconforto inicial. É um tanto quanto complicado simplesmente folhear as páginas para espiar o conteúdo que se apresenta em seu miolo.

O caderno acordeão se abre como uma grande faixa que extrapola os limites dos corpos: do próprio artista; do leitor; e das páginas duplas de um objeto caderno padrão nos moldes industriais. É necessário que se manuseie com outro cuidado, aproxime-se e se experimentem formas de como se relacionar com suas páginas contínuas. Exige de nós mais corpo e espaço.