Pelo Mundo
Intervenção artística | Prédio abandonado, musgos, água, gelatina para plantas e cacos de espelhos | dimensões variáveis | 2005
Uma edificação, cujo o projeto inicial nunca foi realizado, jaz como um imenso esqueleto de concreto natimorto.
Intervenções artísticas, objetos e materiais abandonados intensificam a sensação de esquecimento. Solidão.
Um lugar sem função e sem tempo.
A água e a vegetação, por sua vez, tentam tomar de volta seu espaço.
Ao se deparar com este cenário, o artista cria, então, o desenho de um mapa-múndi recortando o musgo que insiste em crescer na aridez do chão de concreto.
Representação do mundo.
E para que o musgo ferido não morra, gelatinas coloridas para plantas são depositadas sobre o solo. Com elas são desenhadas palavras, versos extraídos de dois poemas de Carlos Drummond de Andrade em que há a menção da palavra “mundo”:
“tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”
(Sentimento do Mundo)
“Não, meu coração não é maior que o mundo
É muito menor
Nele não cabem nem as minhas dores”.
(Mundo Grande)
As palavras estão dispostas de uma maneira que a leitura só é possível a partir de um deslocamento pelo espaço.
A palavra Dores é escrita com pedaços de espelho que artista encontrou pelo espaço e que o auxiliou no corte do musgo.